[PLURAL] Fuja do Carrefour.
FRANÇOIS SILVESTRE
Escritor
▶ fs.alencar@uol.com.br
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Fui a Natal. Precisava resolver algumas
coisas e comprar uma televisão. Resolvi fazer isso no Carrefour; tem
caixa eletrônico do Banco do Brasil e um chope de boa qualidade na praça
de alimentação, apesar do banheiro mal cuidado e fedido. A compra teve
tudo de normal, quase tudo. A primeira “TV” foi desaprovada no teste. O
testador descobriu que fora usada. Voltei e me entregaram outra. Deixei a
“televisão” no carro e voltei à praça de alimentação, onde sou
conhecido, de longas datas, dos proprietários e garçons.
Após um
certo tempo, fui embora. Ao chegar ao carro, nada notei. Quando mexi na
capa do computador que deixara no banco dianteiro, notei que estava
fofa. O computador sumira. Fui verificar a “televisão”; também sumira.
Aparentemente nada arrombado.
Indicaram-me um senhor, aparentemente
sério, responsável pela segurança. Numa pequena sala, ele passou a mexer
em papéis, escrever numas folhas soltas, telefonar. Uns cinquenta
minutos. Depois me disse: “O senhor resolva juridicamente”.
Perguntei o porquê da demora para ele
decidir aquilo. “Se era pra resolver na justiça, por que o senhor me
reteve aqui esse tempo todo”? Ele respondeu que era a rotina e que eu
deixara o carro aberto. Perguntei: “Você fez a perícia”? Silêncio.
Tempo suficiente para a fuga do roubo.
Fui ao Via Direta fazer um BO policial.
Descobri que uma porta do carro fora violada. Violação de perito. Voltei
ao supermercado. Encontrei funcionários da “casa” entre risinhos,
cochichos, sem qualquer atenção a mim. Num certo momento, um dos
empregados, talvez ausente do esquema, aproximou-se e falou baixinho: “O
senhor levou sorte. Tem coisa muito mais grave acontecendo por aqui”.
Disse e saiu empurrando um carrinho de compras.
Conclusões de uma coisa terrível dos
nossos tempos. Aprendi, por um amigo policial, que tudo tem uma
explicação nessa atividade hoje institucionalizada. O fato de não levar a
capa do computador é para o roubado sair dali pensado que nada
aconteceu. Feito isso, libera a Loja da responsabilidade do
estacionamento.
A demora, na sala de “segurança” da Loja
é outra maçada para conseguir a segunda via da Nota Fiscal. Tudo muito
suspeito. Você notou que grafei “televisão” com aspas? Pois é. No BO, da
Polícia, foi descoberto que o Carrefour me vendera um Monitor e não uma
Televisão. Um dentão no ligar da cioba.
Fui enganado na Loja e roubado no estacionamento. O Carrefour não é uma loja comercialmente digna. Fuja de lá. Té mais.
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